terça-feira, 12 de outubro de 2010

A vitória de Marina

Bastante interessante o artigo assinado por  Bernardo Ricupero e que reproduzimos em parte, abaixo:

A vitória de Marina

Mesmo que Dilma Rousseff (PT) tenha obtido mais de quarenta e sete milhões de votos e que José Serra (PSDB) tenha conseguido chegar ao segundo turno, o anúncio do resultado da eleição presidencial de 03 de outubro não deixou duvida de que a verdadeira vitoriosa foi Marina Silva (PV). Sinal disso é que, enquanto se percebia no rosto de Dilma decepção e no de Serra alivio, Marina mal conseguia disfarçar a euforia.
Até porque a grande surpresa do primeiro turno foi a votação da candidata do Partido Verde, os 19,3% de eleitores que a escolheram sendo quase o dobro dos cerca de 10% de intenções de votos que as pesquisas lhe atribuíam ao longo de quase toda a campanha. Os analistas têm tentado descobrir, praticamente desde 03 de outubro, de onde vieram os votos de Marina.
É evidente que uma votação tão expressiva não reflete apenas a preferência dos eleitores preocupados com a causa ecológica. Sinal disso é a votação da candidata verde em cidades como Sabará (MG) e Volta Redonda (RJ), onde foi vitoriosa, e num estado como Pernambuco, em que terminou em segundo lugar, que nunca foram especialmente sensíveis a temas ambientais.
Em outras palavras, ao passo que nas últimas semanas de campanha as intenções de voto de Dilma diminuíam e as de Serra quase permaneciam estáveis, as de Marina cresciam. Pode-se, portanto, imaginar que ela tomou votos principalmente da candidata do governo.
Muitos têm sugerido que os eleitores que teriam migrado para a candidata verde fizeram isso sobretudo por motivos religiosos. Ou seja, muitos evangélicos e católicos teriam deixado de votar em Dilma devido à campanha sub-reptícia que sugere que ela é favorável ao aborto. Marina, que é da Assembleia de Deus, teria, dessa maneira, sido beneficiada pela mudança da orientação de boa parte do eleitorado religioso.
Mas mesmo que a candidata verde tenha recebido votos religiosos, essa não parece ter sido a principal razão de sua significativa votação. Melhor, mais do que votos de um eleitorado ambientalista e de um eleitorado religioso, a candidata verde teve votos de um eleitorado cansado da polarização entre PT e PSDB, que marca os últimos dezesseis anos da política brasileira. Significativamente, desde que as eleições diretas para presidente foram reestabelecidas, em 1989, Marina foi, entre todos os terceiros candidatos mais votados, como Brizola, Enéas, Ciro Gomes, a que recebeu mais votos.
Para tanto, contribuiu o tom vago do discurso da verde, que conseguiu atrair a simpatia de figuras tão díspares como Eduardo Gianetti da Fonseca e Heloísa Helena. Sua votação talvez possa ser tomada até como indicação de que no Brasil, assim como já ocorreu na Europa também,em grande parte, graças a PVs, aparece um eleitorado cujas preocupações, com temas como o meio-ambiente e a ética, são quase pós-políticas.
No entanto, ainda mais decisivo foi provavelmente a postura de Marina durante a campanha, que soube ser crítica tanto a Dilma como a Serra. Além do mais, diferente do tucano, não tomou atitudes titubeantes – mostrando Lula no programa eleitoral e acusando seu governo –, que podem soar como oportunistas. Ao contrário, manteve-se firme na defesa de suas convicções, como ocorreu quando se colocou até numa posição contrária ade boa parte do eleitorado verde, caso da defesa de um plebiscito sobre o aborto.

Atualizado em 13-10 para trocar a cor da fonte por sugestão do Marcos Valério 
 

5 comentários:

  1. Marina só conseguiu essa fantástica votação(20 milhões) porque fez um discurso(criou um perfil) conservador; essa não é a Marina que foi do PT. Ela construiu uma imagem reacionária e retrógada, por isso os evangélicos votaram nela.

    Foi exatamente o que Garotinho fez quando foi candidato a Presidente(2002), ele obteve 15 milhões de votos.

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  2. Companheiro é só um toque, e me desculpe, mas a cor da fonte da postagem ficou muito difícil para a leitura,
    Abraços

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  3. Marina, morena, Marina você se pintou...

    Acho que é o caso de lembrar a Marina de onde ela estava em abril do ano 2.000.

    No dia 22 de abril de 2.000 ela estava na estrada que liga Santa Cruz de Cabrália a Porto Seguro, junto com 3.600 indígenas, de mais de 180 povos, militantes do movimento negro, quilombolas, miltantes do MST, estudantes, mulheres, militantes de inúmeros movimentos populares e sindicais, talvez mais de 10 mil ao todo, de todo o Brasil.

    Ela tinha falado no Quilombo, que era o acampamento coletivo, no dia anterior, para alguns destes milhares de militantes.

    No dia 22 de abril, logo pela manhã, foi desatada a repressão sobre todos e todas.

    O Fernando Henrique estava na Cidade Alta de Porto Seguro, comemorando com o Presidente de Portugal.

    Na estrada, a policia do Antonio Carlos Magalhães e as tropas do FHC jogavam bombas de gás, arrastavam negros pelos cabelos, espancavam indígenas e prendiam estudantes.

    Havia helicópteros e lanchas da Marinha no cerco.

    Um indígena se jogou no chão da estrada, em frente dos soldados, que passaram por cima dele.

    Encontrei a Marina com sua assessora Áurea, perdidas na estrada, escutando bombas e tiros próximos.

    Coloquei as duas no meu carro, para escapar dali protegendo-as.
    Dentro do carro, a Marina falou calmamente que, se respirasse aquele gás, poderia morrer.

    Virei o carro para pegar um caminho de terra e ir em direção da praia.

    Ela pediu que não fosse, porque tinha visto soldados irem para a praia perseguindo estudantes.

    Voltei com o carro prá estrada e levei a Marina até local seguro, longe da repressão e das bombas.
    Emocionado porque, segundo a nossa Senadora, eu talvez tivesse acabado de salvar sua vida.

    Acho bom ela lembrar deste episódio neste momento, para pensar de que lado ela sempre esteve, e de que lado deve estar agora.

    um abraço fraterno

    Paulo Maldos ( ex-assessor do CIMi – Conselho Indigenista Missionário)

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  4. Em Aparecida, Serra defende ex-diretor da Dersa acusado por Dilma de desviar R$ 4 milhões.

    O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, saiu nesta terça-feira em defesa do ex-diretor de engenharia da Dersa (estatal paulista responsável por obras viárias) Paulo Vieira de Souza.

    Conhecido como Paulo Preto, ele foi citado pela candidata Dilma Rousseff (PT) no último domingo, durante debate na Band. Dilma afirmou que ele desviou R$ 4 milhões originalmente destinados para a campanha de Serra.

    Em entrevista publicada hoje pela Folha, Paulo Preto, exonerado da Dersa em abril, afirma que Serra o conhece e, em tom de ameaça, diz que "não se larga um líder ferido na estrada a troco de nada". "Não cometam esse erro", afirmou.


    Após participar de missa solene em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, na Basílica de Nossa Senhora, em Aparecida (SP), Serra minimizou a importância do caso, disse não ter lido as declarações do ex-diretor e afirmou que "a acusação contra ele é injusta" e que o engenheiro é "totalmente inocente".

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  5. José Serra: "a baixa qualidade do ensino em SP é culpa dos nordestinos"

    No ano de 2006, em entrevista ao SPTV, José Serra diz que o problema da baixa qualidade do ensino em São Paulo é culpa dos migrantes, logo, dos nordestinos.

    Para quem gosta de dizer que é mentira...ta aí o link da entrevista:

    www.youtube.com/watch?v=uUo7n3N1wbE

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