sábado, 22 de junho de 2013

Lingua portuguesa?



Que língua falamos no nosso Brasil?
O texto abaixo me foi enviado pelo amigo Paulo Gaúcho, que nasceu em Rio Grande - RS - , mora em Vitória - ES -  e conheci em Florianópolis - SC.


Bochincho  - Autoria: Jayme Caetano Braun

A um bochincho - certa feita, fui chegando - de curioso,
Que o vicio - é que nem sarnoso, nunca pára - nem se ajeita.
Baile de gente direita vi, de pronto, que não era,
Na noite de primavera gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango que nem pinto por quirera.

Atei meu zaino - longito, num galho de guamerim,
Desde guri fui assim, não brinco nem facilito.
Em bruxas não acredito 'Pero - que las, las hay',
Sou da costa do Uruguai, meu velho pago querido
E por andar desprevenido há tanto guri sem pai.

No rancho de santa fé, de pau-a-pique barreado,
Num trancão de convidado me entreverei no banzé.
Chinaredo à bola-pé, no ambiente fumacento,
Um candieiro, bem no centro, num lusco-fusco de aurora,
Pra quem chegava de fora pouco enxergava ali dentro!

Dei de mão numa tiangaça que me cruzou no costado
E já sai entreverado entre a poeira e a fumaça,
Oigalé china lindaça, morena de toda a crina,
Dessas da venta brasina, com cheiro de lechiguana
Que quando ergue uma pestana até a noite se ilumina.

Misto de diaba e de santa, com ares de quem é dona
E um gosto de temporona que traz água na garganta.
Eu me grudei na percanta o mesmo que um carrapato
E o gaiteiro era um mulato que até dormindo tocava
E a gaita choramingava como namoro de gato!

A gaita velha gemia, Ás vezes quase parava,
De repente se acordava e num vanerão se perdia
E eu - contra a pele macia daquele corpo moreno,
Sentia o mundo pequeno, bombeando cheio de enlevo
Dois olhos - flores de trevo com respingos de sereno!

Mas o que é bom se termina - cumpriu-se o velho ditado,
Eu que dançava, embalado, nos braços doces da china
Escutei - de relancina, uma espécie de relincho,
Era o dono do bochincho, meio oitavado num canto,
Que me olhava - com espanto, mais sério do que um capincho!

E foi ele que se veio, pois era dele a pinguancha,
Bufando e abrindo cancha como dono de rodeio.
Quis me partir pelo meio num talonaço de adaga
Que - se me pega - me estraga, chegou levantar um cisco,
Mas não é a toa - chomisco! que sou de São Luiz Gonzaga!

Meio na volta do braço consegui tirar o talho
E quase que me atrapalho porque havia pouco espaço,
Mas senti o calor do aço e o calor do aço arde,
Me levantei - sem alarde, por causa do desaforo
E soltei meu marca touro num medonho buenas-tarde!

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