Que língua falamos no nosso Brasil?
O texto abaixo me foi enviado pelo amigo Paulo Gaúcho, que nasceu em Rio Grande - RS - , mora em Vitória - ES - e conheci em Florianópolis - SC.
Bochincho
- Autoria: Jayme Caetano Braun
Que o vicio - é que nem sarnoso, nunca pára -
nem se ajeita.
Baile de gente direita vi, de pronto, que não
era,
Na noite de primavera gaguejava a voz dum tango
E eu sou louco por fandango que nem pinto por
quirera.
Atei meu zaino - longito, num galho de guamerim,
Desde guri fui assim, não brinco nem
facilito.
Em bruxas não acredito 'Pero - que las, las
hay',
Sou da costa do Uruguai, meu velho pago
querido
E por andar desprevenido há tanto guri sem
pai.
No rancho de santa fé, de pau-a-pique
barreado,
Num trancão de convidado me entreverei no
banzé.
Chinaredo à bola-pé, no ambiente fumacento,
Um candieiro, bem no centro, num lusco-fusco
de aurora,
Pra quem chegava de fora pouco enxergava ali
dentro!
Dei de mão numa tiangaça que me cruzou no
costado
E já sai entreverado entre a poeira e a
fumaça,
Oigalé china lindaça, morena de toda a crina,
Dessas da venta brasina, com cheiro de
lechiguana
Que quando ergue uma pestana até a noite se
ilumina.
Misto de diaba e de santa, com ares de quem é
dona
E um gosto de temporona que traz água na
garganta.
Eu me grudei na percanta o mesmo que um
carrapato
E o gaiteiro era um mulato que até dormindo
tocava
E a gaita choramingava como namoro de gato!
A gaita velha gemia, Ás vezes quase parava,
De repente se acordava e num vanerão se
perdia
E eu - contra a pele macia daquele corpo
moreno,
Sentia o mundo pequeno, bombeando cheio de
enlevo
Dois olhos - flores de trevo com respingos de
sereno!
Mas o que é bom se termina - cumpriu-se o
velho ditado,
Eu que dançava, embalado, nos braços doces da
china
Escutei - de relancina, uma espécie de
relincho,
Era o dono do bochincho, meio oitavado num
canto,
Que me olhava - com espanto, mais sério do
que um capincho!
E foi ele que se veio, pois era dele a
pinguancha,
Bufando e abrindo cancha como dono de rodeio.
Quis me partir pelo meio num talonaço de
adaga
Que - se me pega - me estraga, chegou
levantar um cisco,
Mas não é a toa - chomisco! que sou de São
Luiz Gonzaga!
Meio na volta do braço consegui tirar o talho
E quase que me atrapalho porque havia pouco
espaço,
Mas senti o calor do aço e o calor do aço
arde,
Me levantei - sem alarde, por causa do
desaforo
E soltei meu marca touro num medonho
buenas-tarde!
Eitcha...
ResponderExcluir