quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Fica com Deus


A curta duração de sua existência, com seus vinte e poucos anos, foi suficiente para angariar um número enorme de amigos.
Amigos de bola, de trabalho, de aventuras; amigos de bate-papo, de nada e de tudo.
Amigos que diziam:
- Não deixa de usar o capacete!
- Mesmo para ir só à esquina, usa o capacete!
Mas a jovialidade carrega consigo um poder quase que inquestionável de que tanto se pode mudar o mundo, quanto a que nada pode me atingir. Isso é comum na juventude. Não é exatamente assim para todos mas é para muitos e foi assim comigo também.
Mas uma dessas esquinas, numa noite comum como qualquer outra noite, acostumada e lhe ver passar, ficou ocupada com outros afazeres, distraiu-se por um só instante e não percebeu que ele estava passando... Num segundo de nada o poder da juventude falhou, a armadura se desfez e o destino, cruel e implacável permitiu que um caminhão lhe atingisse. E sem o capacete.
Seus amigos correram para lá; sua namorada correu para lá; os vizinhos correram para lá; mas suas forças começaram a correr de lá.
Socorrido, lutou muito, como somente os verdadeiros guerreiros são capazes.
Travou grandes batalhas para continuar invencível, mesmo já tendo sido atingido.
Foram dias de luta. Foi uma guerra.
Mas ele não estava destinado a vencer.
O general celestial lhe sussurrou ao pé do ouvido, enquanto o lhe levava consigo:
- Venha comigo meu filho – tenho uma missão especial para você em outro lugar.
Certamente aquela peleja tinha algum sentido e até quem estava “de mal” voltou a se unir por alguns instantes.
Os amigos, a namorada, a família terão que se contentar com as boas lembranças pois neste momento, o mundo superior conta com mais um vascaíno gente boa que, certamente já está angariando um novo número enorme de amigos.
Fica com Deus, Yago!

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